Gulosando França afora

Hoje eu resolvi ir na feira comprar peixe! Aqui perto da minha casa (uns 10 minutos de bicicleta) tem uma toda quinta, no Boulevard Richard Lenoir, perto da Bastille. É um dos lugares mais legais da cidade e definitivamente onde se encontram os vendedores mais simpáticos de Paris. Sério. Todo mundo conhece a fama dos parisienses, de serem meio grossos, e tal. Os vendedores das lojas normais são muito piores que o parisiense comum (só superados pelos garçons - há exceções, claro). Tem hora que parece que você está incomodando eles por estar lá querendo comprar alguma coisa! Mas enfim... o pessoal da feira é muito legal! Primeiro que é a maior confusão lá, todo mundo gritando anunciando as mercadorias, oferecendo coisas pra provar, sempre que eu olho demais pros produtos de alguma barraquinha e o vendedor está desocupado ele já vem todo feliz, bonjour, oferecendo um pedaço de abacaxi e nem ficam bravos se você só experimentar e for embora (pelo menos isso ainda nunca aconteceu comigo, e eu já fiz isso algumas vezes, hehe)! E o melhor é a cara de tristeza profunda que eles fazem se não têm o produto que você está procurando. Hoje mesmo eu estava seca por uma batata no alecrim para acompanhar meu salmão mas não achava alecrim fresco, cada barraquinha eu perguntava e eles agiam como se tivessem me dado um tapa na cara sem querer, pediam mil desculpas, falavam que trariam pra mim sem falta na próxima semana, super fofos! Foi muito bom! O único problema é que dá vontade de comprar tudo. Comprei um alho poró, nem sei como cozinha isso, mas bom, tava lá, com cara boa, achei que podia ficar bem com as batatas... vamos ver, rsrs.

E as baunilhas. Tenho que falar delas, desculpa, tô muito empolgada! Acabei tendo que comprar alecrim seco, porque o fresco realmente estava em falta hoje, aí fui numa barraquinha já conhecida, do meu amigo (já estou íntima, segunda vez que eu vou lá, hahaha) que vende nozes, castanhas e temperos, achei o alecrim, comprei umas castanhas e damascos pra comer de lanchinho na faculdade (que saudável!) quando vi... um pote de baunilhas bourbon a um euro a fava. Explicando: para quem gosta de fazer doces, baunilha é um ingrediente muito importante, e no Brasil a fava é muito cara e não tem extrato de verdade, só aroma, que é meio artificial, então sempre que eu viajo pra algum lugar que tem baunilha de verdade tento levar pra BH. Já estava planejando em comprar alguma no supermercado aqui pra levar, que não são as melhores possíveis, mas já são fava mesmo e bem mais barato que no Brasil, então ok. A baunilha bourbon de Madagascar é considerada uma das melhores do mundo, e ela estava lá na feirinha, a preço de baunilha de supermercado. Que emoção!! E é muito cheirosa *-* mal posso esperar pra usar elas!! Pronto, falei!

 Ai, ai... mas então. Tem um tempão que eu não escrevo aqui! Na semana passada tivemos "semana de leitura" na faculdade (leia-se "desculpa para tirar férias"), aí eu e a Ju resolvemos dar uma passeada e fomos pra casa da Diorela - que é uma brasileira e uma das pessoas mais legais que eu conheci aqui - em Avignon, no sul! 11 horas de busão depois chegamos lá, foi ótimo, a cidade é uma gracinha, fomos super bem recebidas pela Diorela e seu namorado Alexis, que nem mesmo conheciam a gente antes, então bota bem recebidas nisso!

Não sei se foi só influência do bem-estar causado pelos nossos maravilhosos anfitriões (como que é o plural disso??), mas eu gostei muito de Avignon. É uma cidade medieval, teve uma época que o Vaticano foi transferido pra lá, enfim, mais detalhes históricos na Wikipédia, mas a parte histórica fica cercada por umas muralhas enormes e lá dentro é cheio de ruelazinhas e prediozinhos ao estilo do sul da França com aquelas janelas de madeira e trepadeiras nas paredes, adorei!
Teve um dia em que pegamos um trem super-econômico e fizemos uma viagem relâmpago por Aix-en-Provence (foto abaixo) e Marseille, que eu estava louca pra conhecer por causa do Conde de Monte-Cristo. Aix é bonitinha, mas meio "bling bling" demais, como eles chamam os lugares caros aqui. Queríamos ter ido no atelier do Cézanne, mas tinha que pagar, estava chovendo, aí... ficou para a próxima! Em Marseille fizemos uma parada de uma hora super eficiente, demos uma voltinha da estação até o porto, olhamos rapidinho e chegamos a conclusão que tirando as pessoas e a sujeira é uma gracinha, mas melhor ver pelo filme do Conde de Monte-Cristo mesmo :D

A mini-viagem mais legal mesmo foi para Fontaine-de-Vaucluse, pegamos um ônibus super econômico de Avignon, chegamos lá super rápido e nos divertimos mais que em Aix e Marseille, apesar da cidade ser tipo uma praça e duas ruas! Exceto por um cara mal-humorado numa lanchonete que pegou uma baguete molenga e branquela no restaurante da frente e jogou no balcão com a mão pra fazer um cachorro-quente pra gente (que obviamente, segundo informamos a esse gentil atendente, não iríamos mais querer), todo mundo foi super simpático!

No fim de semana aproveitamos para ir em uma excursão com um monte de estudantes estrangeiros para a Normandia. Passamos no famoso Mont Saint-Michel, comemos gallettes normandes (crepe salgado com massa de trigo escuro, foto abaixo) que realmente estavam mais gostosas do que as que já tínhamos comido antes em outros lugares, mas talvez seja porque nessa eles colocaram um pedaço de manteiga com queijo ralado para espalhar em cima :9, eu comi um crepe de chocolate com marrons, que é uma castanha estranha que tem aqui pra todo lado, que tava muito bom também, transbordando recheio, no final tinha chocolate até no meu nariz.

Em Honfleur estava tendo um mercado (oba!!) na cidade inteira, nossa, foi muito legal, encontramos várias barganhas inclusive livros! Eles explicaram que como as barraquinhas não podem estar sempre lá porque dependem, entre outras coisas, das condições meteorológicas, compensa para os vendedores fazer um preço melhor que nas lojas normais. E comida, lógico. Tinha uma barraca com uns doces enormes a preço de banana! Fiquei de olho nessa Religieuse (acho que é uma bomba de dois andares) gigante aí no canto esquerdo da segunda foto mas quando voltamos lá para a sobremesa já tinham acabado e tive que me contentar com um flan de maçã (na foto mais de baixo).

Ah é, falando em doces... (teve algum parágrafo onde deu não falei de comida?) nas semanas antes de viajar eu e a Ju fizemos uma degustação de macarrons! Tinham uns muito bons, tipo sabores pain d'épices (que é tipo um pão de mel com cravo, canela, gengibre, etc., é esse marronzinho) e yuzu (o verde, que é uma fruta cítrica asiática). Os outros eram de coco, spéculoos (que é um biscoito belga de canela e outros temperos), e chocolate, mas não tinham muito gosto não.

Além disso eu e a Katelyn, a vizinha canadense, fomos um dia em uma loja de éclairs que eu estava querendo ir há um tempo! Os éclairs de lá custavam o dobro de nas padarias normais, mas preciso confessar que valeu a pena. Já tinha comido éclair aqui em outros lugares e cheguei à conclusão de que vale a pena deixar de comprar um éclair comum numa padaria e economizar para ir nessa loja. Se você vier a Paris e só for comer um éclair, vá a esse lugar! Vou deixar as fotos falarem por si... só acrescento que o de maracujá com framboesa foi o melhor, mas com certeza vou provar outros sabores em breve :p

Acho que era isso o que eu tinha para contar hoje! No próximo post falo como ficou meu salmão com batatas ao alecrim e, se tudo der certo, alho poró... (será que vai ficar bom isso?)

PS: Uma coisa. Não sei se o frio faz os cheiros ficarem menos fortes ou se eu que estou me acostumando mesmo, mas parei de sentir cheiro ruim na rua, agora só sinto cheiro de café, baguete e açúcar! Tá muito bom! Só que aí eu só penso em comida! Deu pra notar? :D  

PS2: O almoço ficou pronto antes de terminar o upload das fotos! Ok, o alho ficou meio mais tostadinho do que eu queria, mas fora isso, modéstia à parte, estou ouvindo coros de aleluia!

Parc Astérix, David Lebovitz e educação superior no Brasil

Sábado eu e a Ju colocamos o despertador para as 6h45. Às 5h45 eu já estava acordada, pronta pra levantar e sair pra pegar o ônibus pro parque, mas em respeito à minha amiga que estava dormindo num colchonete finíssimo do lado da minha cama, eu fiquei lá quietinha no escuro esperando uma hora até o despertador tocar. Estava um frio do cão e com muita cara de chuva, mas mesmo assim levantamos, arrumamos nossos lanchinhos (pois como velhas e boas estudantes não queríamos gastar nossos preciosos euros nos restaurantes possivelmente super-faturados do parque) e saímos para pegar o ônibus.

Chegando lá, apesar do clima meio apocalíptico, já tinha uma massa de gente esperando abrirem as portas, mas nem nos importamos porque o calor humano estava sendo mais que bem-vindo no frio de 10h da manhã :D 

O parque é muito legal. Mesmo. Pelo que me falaram da Disney de Paris, dá de 10 a 0. A começar pelas lojinhas, que é a primeira coisa que tem logo depois da entrada (são muitas, todas com mais ou menos as mesmas coisas). Não fui na Disney nem aqui nem nos Estados Unidos (ok, fui, mas tinha 7 anos e portanto não me preocupava com preços), mas fomos na lojinha deles no Champs Élysées e os preços das coisas eram bem salgados. Só porque tinha um Mickey estampado. As coisas nas lojinhas do Parc Astérix estavam a um  preço bastante razoável, inclusive tinha coisas mais baratas do que aqui na cidade, por exemplo: temendo a necrose completa dos nossos dedos, compramos cada uma um par de luvas depois da primeira montanha-russa, que custaram metade do preço que custam aqui na H&M (que é uma das lojas mais baratas da Europa)! Os quadrinhos também custavam o mesmo que nas livrarias fora do parque e mesmo as camisas, canecas, etc. custavam o mesmo preço de um item normal sem estar escrito Astérix ou Obélix.  

 Felizmente, depois de nossas orelhas e nariz quase caírem de frio na primeira montanha-russa, o tempo começou a abrir e ficou bem mais quentinho!

No total fomos em cinco montanhas-russas e esperamos no máximo 30 min na fila. Foi MUITO legal! Todas foram muito legais. Até uma que supostamente era pra bebês :p Poderíamos ter ido em muitos outros brinquedos, mas resolvemos evitar os que tinham aviso de que você poderia se molhar, apesar de ter umas máquinas do lado de fora pra se secar (acho que era tipo um forno para seres humanos :D)

Fomos também em um show de golfinhos e focas! Que obviamente foi lindo, não tem como golfinhos não serem lindos!  

E fomos também num show com pessoas mesmo. Claro que não foi tão legal quanto com os golfinhos *-* mas foi bem bacana assim mesmo! Não vou contar muito porque tem umas surpresas que se você for assistir e já souber vai perder a graça! Só digo que vale a pena ir nos dois!

Não vou colocar mais fotos do parque, mas quem se interessar, procure videos das montanhas-russas no Youtube!

Voltando do parque (mortas) a Ju e eu viemos conversando sobre as nossas aulas aqui, e sobre como aqui também tem uns professores meio picaretas, etc. aí eu me lembrei que aqui a Sorbonne é paga para os franceses, e não é barato não! Continuamos conversando e de repente caiu a ficha de como, apesar de a educação pública do ensino fundamental e médio no Brasil ser bem fraca (consequência, na minha opinião, da falta de valorização da profissão de professor no nosso país, em todos os sentidos), temos um ensino superior público tão bom. Eu sempre escuto dizerem que o nível das nossas universidades tem caído, mas foi vindo para cá e vendo uma escola supostamente renomada e comparando com a UFMG que eu me dei conta de como é um privilégio poder estudar lá e, ainda por cima, sem pagar. Chegamos à conclusão que, pelo menos na Graduação, a Faculdade de Letras da UFMG é, senão igual, melhor que a Sorbonne Nouvelle.
(Eu sempre fico com três pés atrás falando dessas coisas que podem causar polêmica e das quais eu não sou nenhuma especialista e posso muito bem estar errada, então só lembrando os "politicamente engajados", como diz meu irmão, que posso estar errada, foi mal, mas no momento é a minha opinião, pode exprimir a sua aí nos comentários, se possível sem utilização de linguagem vulgar :D merci!)  

Passando para assuntos mais levianos...
Tem um blog que eu sigo a muito tempo de um americano que mora em Paris e fala de comida, das esquisitices dos franceses, receitas, entre outras coisas, e desde que saiu o resultado do Minas Mundi eu fiquei imaginando que ia encontrar ele aqui, sei lá, na fila da padaria, num café, saindo de um banheiro público, quem sabe? Aí vi no site dele que ele estaria numa livraria na segunda-feira conversando com um outro cara que escreveu um outro livro (esqueci de falar, ele mesmo escreveu alguns livros de receita que eu não conseguia comprar do Brasil) aí comprei um dos livros dele (o mais barato, rsrs) e lá fui eu pedir autógrafo na tal livraria! Pedi o livro na Amazon.fr e comecei a ler, pra também não chegar lá sem nem saber sobre o que que era, né!

Não consegui terminar tão rápido quanto estava prevendo (possivelmente devido à exaustão proporcionada pela visita ao Parc Astérix no fim de semana, mas valeu a pena!), mas devo dizer que estou achando muito legal! Esse livro em específico conta sobre a vida em Paris, e as dificuldades que o autor teve que enfrentar aqui sendo estrangeiro (inclusive a maravilhosa burocracia francesa e a falta de banho de certas pessoas por aqui) e ainda tem receitas!!
Mas voltando para a noite na livraria, depois de ficar uma hora lá fora no frio e no chuvisco, pois o interior estava lotado (o que também não foi tããão ruim, já que estavam transmitindo a conversa que estava acontecendo lá dentro, que foi muito engraçada, mas eu não gostei do outro cara, que estava lançando o livro novo, por isso nem menciono ele aqui, rsrs), finalmente consegui entrar, conheci o David pessoalmente e tive meu livro autografado! Yaaay!

Não conversei muito com ele, apesar de ele ter sido super simpático e ter ficado conversando super animado com todo mundo que foi lá encher o saco dele, mas mesmo assim gostei de escutar a conversa lá que teve antes e sei lá, foi bacana! Continuarei lendo seus textos agora me sentindo mais íntima ainda, haha! (Rhavi, não fique com ciúme, já te disse que ele é velho e tem namoradO!)

As novidades culinárias e gastronômicas essa semana incluíram chocolate quente do livro do David Lebovitz, que tem a receita no site também e ficou MA-RA-VI-LHO-SO!, eu fiz sem colocar açúcar e cozinhando mais um pouquinho no final pra ficar mais grosso; sopa de cogumelos inspirada no Mushroom Stew do Minecraft (Rhavi, Gi, Lucas e Sabine!! Lembrei de vocês!), que eu tive que adaptar porque não tinha todos os ingredientes (cogumelos tinha, obviamente, uma caixa enorme que custa 1 euro no supermercado da esquina!) mas ficou boa demais! E mille-feuilles de baunilha da padaria perto da faculdade :9 aprecie:

Beleza, acho que contei tudo! Mais novidades semana que vem! Ah, e obrigada pelos comentários, é legal saber que estou sendo lida :) 

Notícias, experiências culinárias e gambiarras caseiras

Depois de vários dias ótimos, com o clima maravilhoso, hoje o tempo fechou, choveu o dia todo e amanhã deve esfriar bem.
Os últimos dias foram muito legais! Ir e voltar da faculdade de bicicleta está sendo ótimo! Uma tarde dessas resolvi passar por um caminho diferente, cruzei o Sena uma ponte mais perto do centro do que eu faria normalmente e saí num tal de Quai d'Orléans (desculpa para as pessoas eruditas que vão pensar "como assim 'num tal de'?", desculpa se já apareceu em mil obras clássicas da literatura e do cinema, mas eu sou noob mesmo), que estava muito bonito no fim da tarde, com céu azul e folhinhas amarelando, mas infelizmente não deu para tirar fotos porque bem nesse dia não tinha levado a câmera e a bateria do celular tinha acabado! Vão ter que ficar na imaginação ou procurar imagens no Google mesmo, hehe. (Ou nas lembranças de filmes e livros, se forem dos sabões.)
Num outro dia descobri que tem um mercado uma vez por semana num bulevar onde eu passo todos os dias! Nossa, é muito bacana, muitos produtos locais, principalmente de comida, muita coisa fresca, frutas, cogumelos, barraquinhas só de queijos, carnes, frutos do mar, peixes... Comprei umas framboesas e morangos que, apesar de já estarmos agora bem fora da estação, estavam ótimos!
No Brasil eu nunca cozinhava coisas salgadas, e aqui eu sempre faço alguma coisa pra mim ou chamo minhas vizinhas ou amigas para comer e tem sido muito legal! Entre as experiências gastronômicas até hoje já teve sidra com baguete na beira do Canal Saint-Martin com a Juliana, (ok, isso não fui eu que fiz a baguete, mas ainda é válido!)

café da manhã com salada de frutas (com as frutinhas compradas no tal mercado) e panquecas com xarope de maple com minha vizinha canadense,

tentativa de estrogonofe com Juliana que ficou feio, porém gostoso! (receita tirada da nossa cabeça mesmo),

espaguete à bolonhesa com minhas amigas alemãs que passaram uns dias aqui, que eu tentei imitar do que eu sempre vejo meu pai fazendo e ficou surpreendentemente parecido, valeu pai!, e até uma pizza de frigideira que, claro, não ficou a melhor pizza que eu já comi na vida, mas, é uma pizza! Na minha casa! Feita por mim, sem forno! :D

Além da degustação semanal de pâtisseries, a melhor parte!

Além da pizza na frigideira, tive que fazer outras gambiarras pra me adaptar à falta de recursos aqui no apartamento, entre outras coisinhas... Um dos problemas quando eu cheguei aqui é que a cortina do chuveiro era branca na parte de cima e ia mudando de cor progressivamente até chegar num marrom meio encardido no chão. Estava pensando em ficar com ela até o fim da estadia mesmo, apesar de estar meio nojenta, mas aí vi uma cortina de 5 euros numa loja aqui perto (que se chama Fabio Lucci mais foi apelidada de Fabuloso pela variedade de coisas extremamente baratas, variadas e muitas vezes inúteis que possui, mas de onde metade dos meus utensílios vêm :D) e resolvi que era agora ou nunca! O problema é que eu não lembrava as medidas do chuveiro, e a outra opção de cortina, que era 20 cm mais comprida, custava simplesmente 10 euros a mais!! Resolvi que não ia pagar 10 euros por 20 cm de plástico de jeito nenhum, mas aí, lógico, cheguei em casa e a cortinha ficou muito curta e molhando o chão do banheiro todo quando eu tomava banho. Por sorte tinha trazido um mini kit de costura daqueles que tem em hotel (e que meu maravilhoso padrasto sempre traz pra casa apesar de nunca costurar) e consegui arrumar uma solução para a cortina! Como ela era muito grande horizontalmente deu pra cortar uma tira vertical e costurar na parte de baixo. Veja a gambiarra abaixo. Funciona que é uma beleza e ainda fica parecendo que a interrupção das listras verticais é pura estética!

Ainda tem a peneira do Fabuloso que, além de peneira, também serve como escumadeira, escorredor e até espátula (dá até pra vender no Polishop); a mala vazia que virou cesto de roupa suja; a lixeira da cozinha que é um saco pendurado na porta do armário que fica debaixo da pia; a faca que a Carla levou pra mim da Alemanha pra BH e que eu trouxe do Brasil e serve pra cortar absolutamente tudo: carne, pão, pizza, cogumelos... e as caixinhas onde vieram umas guloseimas da padaria lá perto da faculdade, que eu dobrei pra virarem porta-trecos: 

É isso. Pra falar a verdade estou me divertindo horrores aqui morando sozinha! HAHAHA!! Desculpa, mãe e Renato, adoro vocês mesmo assim!
Mais novidades na semana que vem. eu e a Ju vamos no Parc Asterix nesse sábado comorar o dia das crionças! EBA! 
PS: aprendi como colocar links nas palavras, huahuahua! Tô ficando profissional nesse negócio de blog! Para as pessoas menos tecnológicas que não estão entendendo (mãe), dá pra clicar nas palavras de cor diferente que elas redirecionam para um site, como a receita, no caso das panquecas, por exemplo.

Quando em Paris...

... faça como os parisienses!

      1.  Não ande por aí parecendo ser simpático. Adote a boa e velha “cara de bunda dos franceses” (terminologia criada pelo meu querido padrasto João Tadeu para designar a expressão facial mais comum em qualquer atividade cotidiana aqui) em qualquer lugar público, principalmente no meio da rua. Parecer simpático/feliz pode levar as pessoas do sexo oposto e do mesmo sexo a pensarem que você está solteira(o) e à procura de um(a) parceiro(a) pelas redondezas! Fato: após adotar a dita cara não recebi mais cantadas nem de caixas de supermercado, nem de vendedores de sorvete, nem de seguranças nas estações, nem de pessoas aleatórias na rua! :D 

      2.  Ande com sua baguete debaixo do braço, com metade dela saindo pra fora do saco de papel. É assim mesmo! E não hesite em dar uma mordidinha na ponta saindo para fora se não estiver conseguindo resistir à tentação!

      3. Se você está com vontade de usar uma boina mas não tem certeza se está frio o suficiente, não se preocupe, use-a. Você está em Paris. Aqui pode. É daquelas tipo de pintor, com uma pontinha saindo pra fora bem no meio da cabeça? Melhor ainda!

    

      4.  Quando estiver caminhando em uma calçada, sempre olhe para o chão, pois: a) dejetos caninos fazem parte da paisagem urbana e podem surgir no seu caminho a qualquer momento! e b) caminhar na ciclovia sem se dar conta de que se trata de uma pode ser fatal.

5. Se for comprar croissants, certifique-se de comprar “croissants au beurre”, que são feitos com manteiga de verdade, e NUNCA “croissants nature” ou qualquer outro tipo que podem ser feitos com gordura vegetal ou margarina! 

    

   6. Almoçar em casa? Levar marmita? Pra quê?! Compre um panini na esquina! :9

Continua... (maiores observações dos parisienses em seu habitat natural são necessárias para a continuação deste post)
OBS: as fotos foram retiradas do Google :D

Passando para as notícias agora:

- Meu ralo desentupiu! Yay!

- Tive as aulas com os professores que não tinham aparecido na semana passada e foi ótimo! Um deles ainda chegou meia hora atrasado, mas ele era legal, então tudo bem. No mais estou adorando as aulas, só uma que eu achei o professor péssimo! Na semana passada ele conseguiu passar uma hora e meia explicando o cronograma das aulas e hoje ele passou quarenta minutos explicando sua teoria da melhor forma de se ler um texto (primeiro marcar as palavras difíceis, depois marcar os parágrafos importantes, tentar dividi-lo em partes...) e na outra metade da aula aplicou sua teoria no texto que era para termos lidos em casa (e que era só uma página). Ou seja, ele demorou uma hora e meia para fazer o que eu fiz ontem de noite em meia hora. E além disso a aula dele é às 8h da manhã, então acho que vou trancar :D désolée!

- Estou descobrindo que não andar de metrô faz Paris ficar muito mais bonita e cheirosa! Ontem e hoje fui e voltei da faculdade de bicicleta. Foi ótimo! Tem uma parte do trajeto que meio que tem um leve cheirinho de cocô de cachorro, mas é mais na volta, na ida estava super agradável com cheiro de café e pão!

Acho que no mais é isso. Até a próxima! 

Resolvi fazer um blog!

Vamos ver se vai dar certo :D
Tem tantas coisas legais acontecendo que eu gostaria de poder compartilhar com as pessoas que eu gosto, mas nem todo mundo tem Facebook e também no Facebook não dá para contar tudo o que está acontecendo, então... bom, vamos ver como vai funcionar por aqui! É um protótipo. 

Resumindo o que já aconteceu até agora:

Estou morando mesmo aqui desde o dia 8 de setembro. O que já percebi até agora com relação à vida na França: 

- Os franceses são meio anti-sociais. Nas aulas na faculdade eles conversam muito pouco entre si, mesmo antes do professor chegar na sala! Pelo menos para os padrões brasileiros eu achei muito estranho.

- A burocracia daqui é MUITO pior do que no Brasil. Agora estou entendendo porque foi tão complicado tirar o visto... É uma bagunça. No dia que eu fui buscar a chave do apartamento eu cheguei cinco minutos antes do horário que o Crous abria e já tinha uma fila saindo da porta do prédio. Aí eu fiquei uma hora e quinze minutos nessa fila até uma pessoa vir perguntando se tinha algum estudante estrangeiro lá porque a nossa fila na verdade era no segundo andar. Ainda bem que eu estava bem paciente naquele dia. Subi para o segundo andar e estavam vários estudantes estrangeiros em uma salinha minúscula, já com gente saindo pra fora, sendo que nenhum sabia explicar direito o que tínhamos que fazer. Em um dado momento veio uma pessoa chamando uns números, aí eu e o resto das pessoas que estavam pra fora da sala, porque não cabia mais ninguém lá dentro, percebemos que tínhamos que ter pegado uma senha em algum lugar. Felizmente alguém lá na frente perguntou à pessoa que estava chamando os números onde tínhamos que retirar a senha e ela chamou uma outra pessoa que começou a escrever números em um papel e cortar e distribuir entre os alunos. Fiquei achando a UFMG, com sua mini-impressora de senhas e os números sendo chamados pelo mostrador digital de uma tecnologia incrível! Depois teve o problema que a moça não sabia se eu e a Juliana, que também veio pela UFMG, éramos estudantes Erasmus ou Campus France. Nós meio que não nos encaixávamos em nenhum dos dois! Aí acabou que ela deu uma senha do Erasmus ora gente, o que foi bom, porque a fila estava bem menor! Fora tudo isso ainda teve a matrícula na faculdade, que foi feita manualmente, e em departamentos diferentes, para cada disciplina... Muitas pessoas tiveram que voltar na faculdade várias vezes para que a matrícula fosse concluída, com filas quilométricas, sempre, fora quando você esperava um tempão em uma fila só para vir alguém depois falar que aquela era a fila errada. Enfim, o Brasil está dando de 10 a 0 na França em muitas coisas que envolvem organização!

- A comida daqui é muito boa :9

- Tudo é mais caro que em outros países da Europa, inclusive o McDonald's e o Subway! Em compensação vinho é mais barato que suco e refrigerante.

- As pessoas não têm lixeiras no banheiro, elas jogam tudo no vaso mesmo.

- Algumas (muitas) pessoas não sabem que existe um produto maravilhoso e baratinho que se chama desodorante, disponível em qualquer drogaria, supermercado, Carrefour, etc. espalhados pela cidade. 

Outras coisas engraçadas que aconteceram foi que em duas das minhas aulas eu saí correndo com medo de chegar atrasada e o professor simplesmente não apareceu. 

Ontem eu e minha vizinha canadense (que por sinal é muito legal!) estávamos cozinhando aqui em casa, fizemos umas batatas na frigideira que demoraram uns 20 minutos para ficarem prontas, aí quando colocamos os bifes o alarme de incêndio disparou! Achei que não tinha como desligá-lo, mas minha vizinha (provavelmente mais experiente no assunto, imagino que no Canadá exista alarme de incêndio nas casas, coisa que no Brasil eu nunca vi) começou a abanar ele com meu pano de prato e eu abri a janela aí ele parou. Foi até rápido! Também, não sei como eles querem que a gente cozinhe com um alarme desses bem em cima do fogão e sem exaustor... 

Agora neste momento estou esperando para ver se o ralo do meu chuveiro desentope, depois de ter ficado uma meia hora tentando abrir a tampa de segurança da soda cáustica (ou produto para desentupir coisas que eu acho que tem soda cáustica dentro), saí para ir devolvê-la no supermercado, mas por sorte achei uma velhinha na rua que conseguiu me mostrar com abri-la! Supostamente deveria levar meia hora para desentupir o ralo. Acho que já tem uns quarenta e cinco minutos e ainda tem líquido roxo boiando lá... vamos ver!

Ah, e toda hora aparece um inseto aqui dentro! Eu não sei de onde eles estão vindo, porque eu não deixo a janela tanto tempo assim aberta por dia...  

Acho que até hoje é isso :D depois volto para contar mais, dar notícias do ralo do chuveiro e ver se descubro o mistério dos insetos...